sexta-feira, 21 de março de 2008

Primeira comunhão

Lembro-me da minha primeira comunhão; só não sei que idade tinha naquela época (ando com a memória muito ruim ultimamente). Tinha as aulas da catequese, das quais eu faltava bastante. Não que odiasse a professora, a igreja e as freiras, simplesmente faltava. Eu lembro também que das poucas vezes que eu ia era bem divertido, não pelo papo de evangelização e tudo mais, e sim pela farra. Todo mundo da mesma idade (acho que da pra imaginar a horda de demônios invadindo a igreja). As missas de domingo eram interessantes. Os garotos olhando para as garotas e vice-versa. O padre ficava falando e a gente tirando o maior barato nos bancos duros da igreja. Ele sempre parava a missa pra chamar a atenção de alguém. Era uma época boa. Umas das primeiras garotas que beije (porque não me lembra com precisão qual foi a primeira) era da minha sala; rolou a beijoca na esquina da igreja. Hoje a vagaba já deve estar cheia de filhos e barriguda (tirando os filhos, igual a mim).

Acho que depois de cerca de nove meses chegou o dia de irmos até o concessionário pra que nossos pecados fossem perdoados (como se garotos ligassem pra perdão). Como eu não tinha o que falar, disse que batia punheta. O padre me mandou fazer umas orações e aquelas coisas todas. Mas quando cheguei em casa não quis saber de rezar. Fui bater uma.

Pra quem não sabe, a primeira comunhão é quando se prepara os garotos pra poderem comungar durante a missa, isso significa receber o corpo de cristo (tem outros nomes mas eu não lembro). Logicamente que tem mais uma coisinha escondida por detrás desse "preparar", mas essa é outra historia. Pois bem, chegou o dia em que eu e meus amigos futuros católicos íamos receber o corpo de cristo. Minha mãe alugou uma calça branca e uma camisa da mesma cor. E lá fui eu. Adentrei a igreja de mãos dadas com uma garota na mesma situação e sentamos nos bancos duros. Durante todo o curso da catequese eu não levava nada a serio, mas naquele momento eu senti a seriedade do lance; igreja lotada, mães, tios, irmãs, decoração e até uma banda. Esse lance todo me deixou tenso. Não só eu como todos os garotos ao meu lado. A missa prosseguiu solene até o momento em que todos os garotos e garotas foram até o corredor central e formaram uma fila para que recebessem a comunhão. Todos olhavam enquanto a fila andava. Eu estava com uma puta vergonha. Então chegou o momento. Era minha vez. Aproximei-me do padre (ele parecia grande naquele momento), ele ergueu as mãos e me entregou uma hóstia. Peguei aquele lance redondo e branco entre as mãos (confesso que estava emocionado) e coloquei na boca vagarosamente. Foi exatamente ai que aconteceu... aquela porra grudou no céu da boca de uma forma muito incomoda. Olhei de novo para o padre (agora já não parecia tão grande) e fui caminhando para meu lugar. Cheguei lá e me ajoelhei e fechei os olhos. Fiquei esperando alguma coisa acontecer. Sabe, era o corpo de Cristo na minha boca, transformar o pão na carne, mas não aconteceu absolutamente porra nenhuma. E aquilo estava lá, grudado no seu da boca como se fosse uma massa daquele cimento bem escuro. Fiquei o resto da missa desgrudando aquilo com a língua. Quando acabou a cerimônia rolou aquelas formalidades de abraços, parabéns e coisa e tal. Eu não sabia no momento; mas aquela foi a última vez que entrei em uma igreja.

3 comentários:

B. Pina disse...

rs. Do caralho velho!
Seu blog tá mto bom.

Chapado.

Paz ae!
bjs

Parasitolândia disse...

nNunca fui muito de ser catolica , até porque minha filosofia é considera do capeta para muitos,esse texto me lembrou minha cidadezinha , a terrinha onde todos meus amiguinhos catolicos faziam a mesma coisa! a única diferença que depois da igreja eles iam trepar, mas sempre começava com a bitoquinha da esquina.

Ricardo Alves disse...

caralho me lembrou a minha primeira comunham, e me lembrei completamente daquela merda grudando no céu da boca...
criançasinhas como nos não deveriamos ser submetidos a ritais tão serios...