Porque meu outro eu, a criança mal criada e genial, o sem cor, o azedo, se desfaz noite adentro. Cenários de metrópoles em distorção e ruas de carbono instável e dolorido de um odor dos mais triviais possíveis. A face estatelada que repousa no cimento pobre dos cantos sem alma. Cigarros em brasa. Mescla de euforia e tristeza, nos passos descompassados lançados no caminho do acaso. A cruel agonia companheira do nascer do sol, nos olhos assustados, no sinal de desprezo. Beijar docemente o rosto das garotas dos bordeis e declamar, insandesidamente, poemas para vira latas paranóicos. Paz? Somente poder dormir mais umas horas entrelaçado nas pernas de alguma Maria Mundo e acordar com a cara entre os seios alvos. O nada; a dose de esperança vazia de retornar ao inorgânico. O cinema distrai e os livros substituem amores. Braços e olhos cegos tateando chagas que nunca fecham e remoendo antigos pecados para alimentar uma fogueira de venturas e mortificações, esperanças e honra.
Mas há musica nas ruas e crianças descalças brincando nos quintais pálidos. Há atiradores nas varandas e vagabundos nos bares. Em cada canto da cidade acida há festa. Por mais impróprio que possa parecer, há felicidade no ar. Há desejo, potencia, singularidade em cada espaço ocupado, repleto de mim mesmo e no entanto tão longe de uma conclusão.
Figuras platônicas e introspectivas que insistem em perseguir e retornar no espelho, como se tivessem vida própria. Sei que esperam o banquete de mim mesmo, servido com repolho e azeitonas, do qual nem ao menos sou convidado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário